sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Recomeçar

Cada dia que vivemos deve ser melhor que o anterior. Deve ser um recomeçar. Recomeçar deixando caminhos velhos, deixando atitudes negativas, deixando hábitos egoístas e prejudiciais, para recomeçar caminhos de beleza, de solidariedade, caminhos floridos de bem-estar.
Cada dia irrepetível será uma nova criação de simplicidade e beleza moral.
Vai ajudar-nos a reflectir este poema de Fernanda de Castro, referente a um costume de algumas terras na última noite do ano.
“Ontem, à meia-noite, a minha rua
Abriu de par em par as portas e as janelas,
Cacos, farrapos, latas e panelas.
Era a primeira hora
Do ano que chegava.
E eu pensei: Que posso eu deitar fora?
Ah, senhor, tanta coisa!
Nem cacos nem farrapos,
Nem latas velhas nem trapos,
Mas tanta dor,
Senhor,
Mal empregada.
Tantos gestos errados,
E as pequenas traições
E os pequenos pecados.

As palavras que ferem como gumes
De afiadas adagas.
Ressentimentos, azedumes
Que Te fazem sangrar as Cinco Chagas.

Egoísmo sem fim
e os altos muros das torres de marfim.
Descrença,
indiferença, despeitos recalcados,
amassados com ódios, com rancor,
e o amargo sabor
da solidão.
Ah, Senhor, nesta hora de perdão,
nesta primeira hora,
quantas coisas podemos deitar fora.”

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